"O tempo passava, talvez mais
lento do que o costume. Lá fora, talvez o dia estivesse bonito. Ou talvez
chovesse torrencialmente. Ela não o sabia. Na verdade, não queria descobrir
sequer. Vivia, como tantos outros, enclausurada na sua própria mente. Não se lembrava
da última vez que dormira sem que os piores pesadelos lhe assolassem a mente.
Sonhos horríveis, em que eles ainda pertenciam um ao outro Em que tudo estava
bem. Tinha jurado nunca mais falar com ele acerca do que sentiam. Afinal, o
facto de estarem apaixonados devia ser mantido em segredo. Por ele, por ela e
pela outra. Ele estava cego. E ela só não sabia se era de amores se porque não
aguentava a deceção. Provavelmente a segunda hipótese. Ele sempre fechou os
olhos ao sentimento, e agora, ela também fingia não ver que a outra o andava a
enganar em plena luz do dia. Como quem diz. Deixou-se estar quieta. Fingiu que
já não sentia nada por ele e sorriu. Sempre ficava mais bonita com felicidade
nos olhos, ainda que fosse falsa. Mentiu e disse que não o via sofrer. Andou e
deu o papel à melhor amiga dele. "Faz o que quiseres".
Nenhum comentário:
Postar um comentário