Será que eu é que me devo calar?
Não. Eu devo continuar a lutar pelo que quero, eu mereço muito mais. Se estou
tão certa do que mereço, porque será que não obtenho o que tanto desejo? Talvez
o que quero é impossível de obter, seja difícil de deter. Eu não quero mais
olhar para trás, ambiciono esquecer tudo o que me fizeram outrora, mas acontece
que a raiva está tão cravada no meu ser que não me deixa esquecer. Promessas
feitas, palavras ditas em momentos inesquecíveis surgem na memória e eu questiono
o porquê de isso acontecer. Surpreende-me o facto de ainda sonhar contigo. Ás
vezes quando penso em nós, penso que podia ter dado certo e a pergunta é sempre
a mesma: Porquê que não deu? Nunca obtive uma resposta, aliás nunca a vou
obter. Limito-me a tentar perceber o porquê de ainda me continuares a assombrar
em pensamentos quando eu nunca invadi os teus nem te fiz ter saudade, nem mera
vontade de fraquejar e vir apelar por um pedido desculpa. Vivo neste sentimento
disforme, carrego comigo tudo o que passámos, tudo o que vivemos, tudo o que só
queria esquecer. Sofro muito, fraquejo bastante, olho para o que está distante,
sinto saudade do restante. Pergunto-me a mim mesma se algum dia depois do fim,
pensaste em mim? Se não conseguiste adormecer algum dia porque detinhas em ti
um sentimento de culpa? Se algum dia pensaste no quão agora podíamos estar
felizes se estivéssemos juntos? Se no nosso dia te lembras de mim? Se eu fui
tudo para ti? Se o que passámos te marcou? Se alguma coisa que fiz te impressionou?
Se te esqueceste daquelas tardes em tua casa que eram meros contos de fadas? Se
te lembras do dia em que conheci os teus pais? Se ás vezes sentes a minha falta
quando te sentes só? Se tudo o que passamos foi em vão? Chorar já não vale de
nada, até porque as lágrimas já estão cansadas. Eu não estou desesperada, eu já
não te amo, mas doí saber que não fui nada na tua vida, que depois de tanto
tempo juntos me conseguiste surpreender pela negativa, por me teres feito
sofrer como nunca sofri, por não me teres dado a mão quando precisei de ti, por
não me teres perguntado uma única vez se estava bem de saúde quando sabias
perfeitamente que tinha de ser operada e andava preocupada. Custa saber que em
nenhum momento pensaste em mim, mas apesar de tudo perdoei-te. Mas nunca
esqueci. Mas mesmo assim estive lá para ti. Podes não me ter pedido ajuda, mas
eu estava disposta a fazê-lo pois nunca mas nunca seria capaz de fazer aquilo
que tu me fizeste, desprezar-te como me desprezaste. Eu estive lá quando ela te
deu com os pés, eu estive lá depois de tudo… Lembra-te disso.
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